26 de setembro de 2008

Cinzas

.
Mais uma longa noite
no céu brilha a paisagem lunar
lugar de estranhos poderes
habitado por um Deus invisível,
luz que ilumina o oceano
e os amantes distantes,
náufragos das profundezas
e das perguntas sem resposta.

Peço-te vezes sem conta
mata-me
elimina-me
apaga-me
deixa-me te olhar
no meu último suspiro
que dentro de ti se tornará eterno.
Queima o meu corpo
transporta as minhas cinzas
lança-me do ponto
mais alto que encontrares,
para que o vento leve a dor.

Ao longo do universo da vida
as estrelas dançam nuas,
são as visões encantadas
das viagens transcendentes.
Deus é um astronauta
pintado de várias cores,
viaja pelo espaço
venerado por simples mortais.

Nocturno

23 de setembro de 2008

Balada

.
Existe uma história de amor
escrita por estes dedos gastos
uma história que os pássaros
cantam pelo céu azul,
um sonho real
onde consigo sentir
mais do que a minha
vista alcança.
Ontem à noite, como um raio de luz
levaste-me para longe de mim
com a minha mão na tua
partimos pela noite dentro.
A tua voz fez-se sentir
mesmo sob tempestade
e a nossa balada
tocou ao longo da noite.

Nocturno

22 de setembro de 2008

Manhã


Quando acordo para a vida
depois de uma viagem
ao reino dos sonhos
sinto o corpo preso
a idade avança
a força diminui
membros presos
olhar distante
pensamentos vazios
mãos cheias de nada
suspiros daquilo que perdi
mas algo vive dentro de mim
algo tão grandioso
que me faz escrever
porque a minha existência
é dedicada a ti
algo que não consigo controlar.
Sento-me, liberto a mão
elevo o som
que começa suavemente
como se fosse os meus lábios
a te tocar pela manhã
vai aumentando o ritmo
enquanto te abraço apertadamente
escrevo desordenado
sem conseguir controlar as palavras
a mão segue já o seu próprio ritmo
o ritmo do amor
e num ápice
toco-te na pele
acaricio os teus cabelos
dispo-te lentamente
e… meu amor…
através das palavras
consigo unir o meu corpo ao teu.
Juntos, unidos, presos neste desejo
no som que viaja pelo espaço,
este amor louco
é tão imenso e poderoso
como a mãe natureza.

É apenas mais uma manhã
mais um dia que começa
mas, vale a pena viver
porque todas as manhãs
faça chuva ou sol
frio ou calor
acordas sempre
dentro de mim.

Nocturno

20 de setembro de 2008

O silêncio dos meus sonhos

.O silêncio acompanha
os meus sonhos
de várias cores
tal como os caminhos da vida.

Então para quê?
Porque preciso de mais
do que o coração pode aguentar
se não existe cura
para o coração que se parte.
Mas preciso de mais
mais do que um sonho
preciso do teu amor.

O horizonte escurece
assombrado pelas trevas
e o silêncio,
o silêncio acompanha
os meus sonhos
até ao fim.

Nocturno

19 de setembro de 2008

Túmulo

.
Lugar deserto
ninguém para abraçar,
um céu distante
longe das minhas mãos.

Noite fria
ninguém para tocar,
um céu seguro
longe do meu olhar.

Pensamentos vazios
circulam lentamente
à volta da minha mente

Estou
deitado
no túmulo
do silêncio.

Nocturno

16 de setembro de 2008

Noites

.
Todas as noites em que te sonho
abraço o teu corpo e partimos
somos dois pássaros distantes
voando ao longo de vales.

Sentados no topo da terra
sentimos o vento soprar nos ouvidos,
enquanto os meus dedos desenham no céu
a história do nosso amor.Olha como o sol toca na chuva
as suas gotas parecem bolas douradas
deslizando brilhantes pelas folhas
tão parecidas com as nossas lágrimas .

Quando anoitece as luzes ficam distantes,
olha como as estrelas tocam no céu
parecem morrer na escuridão
mas continuam vivas por ti.

Nocturno

13 de setembro de 2008

Melodia de sonho

Alguns sons não são ouvidos
apenas sentidos
instrumentos delicados
dedilham sentimentos.

Estado quase perfeito
entre a vida e a morte,
grito silencioso
que vem de dentro.

No caminho da harmonia
há esperança sem medo,
entre o espaço e o tempo
uma melodia de sonho.

Nocturno

12 de setembro de 2008

Sonhador


O sonhador recita
pequenas palavras
questiona-se…
de que lado estará a cura?

Navega nas asas do desconhecido
tendo o horizonte como destino
iluminado pelo reflexo
da superfície do oceano.
Acima dele
bem no alto da terra,
o sol queima
transforma as nuvens em fogo.

Enquanto isso
as ondas do mar
abraçam o céu
como eternos amantes.

Haverá sempre céu
Haverá sempre estrelas
Haverá sempre lua
Nunca estará só.

Nocturno

10 de setembro de 2008

Aqui estou...

Encontras-me
no som de uma melodia
sentado numa nuvem
a olhar o horizonte.

Aqui estou, em silêncio
desenhando o teu corpo,
escrevendo palavras de amor
algumas com dor e sem cor.

Vêm nuvens, vão-se nuvens
e a pele arde com o toque do sol,
mas continuo à tua porta
porque preciso de acreditar.

Abraçado ao meu espírito
alimento a minha alma
por um sentimento infinito.
Aqui estou, por ti.

Nocturno

9 de setembro de 2008

Outra cor


Passo pelas coisas sem as ver
na brisa suave do vento
cansado e envelhecido
como um sabor sem o ser.

Podia pintar o amor de outra cor
jurar amor eterno quando escrevo
assim seria, numa vida sem espinhos
tendo a minha mão na tua.
Até porque
nada é impossível
quando um beijo desejado
se transfigura,
deitada nua
iluminada pela luz da lua
sentes-me em cada batida
do teu coração
por ti, querida
há muito perdi a razão.

Se estas árvores falassem
descreviam os pensamentos
que lhes conto em segredo
só a luz que ilumina o teu olhar
ainda me faz acreditar
que um dia vais voltar.

Nocturno

8 de setembro de 2008

Perto do céu

No ponto mais alto
encharcado até aos ossos
toco o céu.

Murmuro suavemente
ao seu ouvido:
Deixa-me viver…
Liberta o meu espírito.

Momento de paragem
no tempo…
as nuvens afastam-se
timidamente,
um breve traço de luz
toca no meu olhar.

Toque perfeito,
protector
como um terno abraço.

Afinal, são as tuas lágrimas
que banham o meu corpo.

Nocturno

4 de setembro de 2008

Incompleto


Subo até bem perto do céu,
preciso de me sentir vivo
quando as veias queimam
e o meu mundo se fecha.

Então eu vejo o céu a cair,
vejo os teus olhos
escondidos nas sombras
das montanhas.

Quase sem forças
pronto a expirar
deixo o vírus ganhar vida
e caio bem fundo
mais fundo do que o amor.

Sinto-me incompleto
tenho o coração
na palma da minha mão,
entre os meus dedos
enrugados e gelados.

Quando provei as minhas lágrimas
eram tão doces
foi quando soube
que estive tão perto.

Nocturno

3 de setembro de 2008

Viagem às profundezas

.
Quando o sino do tempo
explode o meu coração
um suspiro teu
não me deixa adormecer.

Sou apenas um velho
à espera de ti,
perdido e cansado
à procura dos teus sinais.

Mergulho
nas profundezas
para te perseguir
sigo o imenso azul
e a melodia
vinda de ti.

Nocturno

2 de setembro de 2008

Lago da escuridão perfeita


Longe na escuridão
Lago profundo
espelho de luz
grito mudo.

Corpo vazio
magia da mente
tesouro visível
profundezas do ser
basta sentir…
basta tocar…Sensibilidade no sentir
como a escuridão ilumina
Ninguém sabe
o caminho certo
da esperança,
ponto de encontro
entre sonho
e a realidade.

Longe da escuridão
lago profundo
espelho de luz
grito mudo.

Nocturno

1 de setembro de 2008

Tudo se Transforma...


Fazem eco
as palavras silenciosas
que esta voz não revela,
são pedaços de ti
adormecidos em mim.

Ofereces ternura
enquanto sonho
com a ilusão da vida
à sombra das memórias.

Deixa-me sentir
o teu corpo…
Leva-me,
Beija-me,
Agarra-me,
Mostra-me
a paz do momento
e tudo que guardas de mim em ti.

E depois?
Tudo se transforma…
Numa ferida que dói
não por fora, mas por dentro
em que só tu serás a cura.

Nocturno