7 de janeiro de 2009

A voz do teu silêncio

...
Há um lugar onde medito
com as mãos na cabeça
entregue aos pensamentos
perdido num mar de decepção,
madrugada sem amor
que nunca termina.

Joguei o jogo do diabo
sem escolha
sonhei com o amor
que nunca acaba
e tudo que obtenho
passa à frente do meu olhar.

Agora o barco da vida
não me deixa sentir
já nem consigo abrir os olhos
por que brisa da manhã
congela os meus ossos…

Nada espero, nada peço
imobilizado, paralisado
neste espaço onde sobrevivo
consigo ouvir a voz do teu silêncio.

Nocturno
...

5 de janeiro de 2009

Árvore da forca

...
Lentamente,
como se soubesses que te observo
consigo ver cada movimento teu
aqui... plantado na terra gelada.

Passas despida, esbelta e delicada
fecho os olhos, está tudo na minha mente
mexes em mim pela noite dentro
antes que as cortinas encerrem.

Toco-te com a ponta dos meus ramos
cubro o teu corpo com as minhas folhas
beijo-te onde menos esperas
desperto os teus sentidos.
Sou aquela árvore
que plantaste no teu jardim
regaste as minhas raízes
cresci em direcção ao céu,
quando estava quase a lhe tocar,
mataste-me…
assassinaste-me…

Envelheço
despido de folhas
com os ramos caídos pelo chão
desfaleço na terra que me chama
descanso em paz, por que te amo.

Nocturno